Os atacadores de Maurice Kraft estão a derreter, mas são ossos do seu ofício. Acompanho este pioneiro no perigoso negócio de filmar vulcões numa cratera de um vulcão em erupção, na Tanzânia.
A montanha sagrada dos masai, Ol Doinyo Lengai, está agitada. A cratera borbulha com lava quente intercalada com lava negra e branca em arrefecimento. Maurice sugere que nos desloquemos para as zonas brancas, mais frescas e mais seguras, mas a visão
dos atacadores derretidos atormenta-me. "Não tem importância", diz ele, no seu sotaque francês. "Caminhe suavemente." Ele oferece-se para ir primeiro. Trata-se de uma prova de fé, mas ninguém tem melhores credenciais para navegar sobre o solo de um vulcão em erupção do que ele. Maurice e a mulher, Katia, foram frequentemente os primeiros a chegar a uma erupção vulcânica em qualquer parte do mundo. Durante duas décadas, filmaram mais de 150. Atravessamos uma paisagem dantesca. Passadas poucas horas, os meus atacadores também derretem, mas, tal como Maurice, ignoro esse aviso. Acampamos durante três dias. As noites são de cortar a respiração. A lava tem um tom vermelho ardente. As estrelas brilham no céu africano. Sei agora por que razão este vulcão com 2.956 metros é sagrado para os masai. "Os vulcões estão para além do nosso entendimento", dizia Maurice. "Comparados com eles, não somos nada."
Em 1991, Maurice e Katia Kraft morreram enquanto filmavam o vulcão Unzen, no Japão. Um fluxo piroclástico inesperado varreu a plataforma onde eles se encontravam. "Nunca tenho medo.
Vi tantas erupções em 23 anos que já não me importaria se morresse amanhã", disse uma vez Maurice.
Fonte do Texto : National Geographic
Site de Kraft : Vulcanismo (clique aqui)
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