segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Planária, um platelminta

Sistema Digestivo nos Equinodermes




Os equinodermos têm sistema digestivo comple­to, com a boca situada, em geral, no centro da região vol­tada para o substrato (face oral) e o ânus, no centro da região oposta (face aboral).

No ouriço-do-mar, a boca é guarnecida por cinco dentes calcários fortes e afiados li­gados a uma estrutura de apoio, composta de uma arma­ção de ossículos e músculos, amada lanterna-de-aristóteles.

O tubo digestivo é formado por um esófago curto, pelo estômago e pelo intestino que se abre no ânus

O alimento dos ouriços-do-mar consiste de algas marinhas, pequenos animais e detritos orgânicos. Após ser triturado pelos dentes calcários, o alimento passa para o estômago e intestino, onde é digerido por enzimas secretadas pelas células intestinais. Ocorre, assim, di­gestão extracelular, e os produtos úteis são absorvidos pelas células da parede intestinal.

As estrelas-do-mar são carnívoras, alimentando-se de corais, anémonas, outros equinodermos e moluscos. Certas estrelas-do-mar são capazes de abrir conchas de bivalves, graças à adesão dos pés ambulacrais e à força da musculatura de seus braços. Ao encontrar alimento, elas evertem o estômago, fazendo-o sair pela boca e entrar em contato direto com a presa, secretando diretamente so­bre ela muco e enzimas. Estas são produzidas em estruturas glandulares bem desenvolvidas, os cecos gástricos, em número de cinco pares, dispostos ao longo de cada um dos braços.

Depois de algum tempo, o estômago é recolhido, juntamente com o alimento semidigerido. Com­pletada a digestão, os resíduos são geralmente elimina­dos pela própria boca, pois o intestino e o ânus das estre­las-do-mar são pouco funcionais.
Nos ofiuróides (serpentes-do-mar) o sistema digestivo é bastante simplificado, resumindo-se a um estô­mago de fundo cego. Nesses animais, o intestino e o ânus regrediram e desapareceram.

Em todos os equinodermos, os produtos da diges­tão são absorvidos pelas células do tubo digestivo e passam para a cavidade celômica, de onde se distri­buem por todo o corpo. Não há sistema circulatório.


Sistema Digestivo

Os animais, caracteristicamente, são heterotróficos por ingestão, isto é, consomem carbono complexo de origem orgânica, digerindo-o posteriormente no interior do seu organismo, isto é, possuem uma digestão intracorporal. No entanto, o local onde ocorre a digestão não é sempre o mesmo, já que existem animais em que a digestão ocorre ao . nível das células (digestão intracelular) e outros que já possuem uma cavidade digestiva própria para a sua realização (digestão extracelular). No entanto, existem alguns animais que fogem a esta regra, os parasitas, que efectuam uma absorção do material já digerido.

O processo digestivo normal é constituído por uma ingestão, um transporte e armazenamento, uma digestão, uma absorção e finalmente por uma egestão. O local onde estas etapas decorrem depende do animal em causa, pois, por exemplo, uns não possuem qualquer cavidade digestiva, outros possuem uma cavidade simultaneamente digestiva e vascular e os mais evoluídos possuem cavidades digestivas especializadas. O sistema digestivo, dos animais que o possuem, é constituído por diferentes zonas, onde estas funções possam decorrer, pelo que apresenta uma região receptora, uma região de transporte e de armazenamento, uma região de digestão e absorção e uma região de absorção de água e de concentração de resíduos.



Da mesma forma que os animais diferem uns dos outros, também as suas necessidades nutritivas são diferentes, pelo que diferentes são os seus sistemas digestivos.

Os principais passos evolutivos dos sistemas digestivos e as suas vantagens são:

  • A digestão deixa de ser intracelular, passando a ser extracelular. Este facto implica a existência de uma cavidade digestiva, pelo que o animal pode ingerir uma maior quantidade de alimento de cada vez, obtendo uma maior quantidade de nutrientes, que lhe permitem alcançar uma taxa metabólica mais elevada. Além disso, não necessita de estar continuamente a ingerir alimentos, pois estes ficam em reserva durante algum tempo.
  • Surge uma cavidade digestiva e com ela uma boca (sistema digestivo incompleto, já que só possui uma abertura), permitindo um maior e melhor aproveitamento dos nutrientes.
  • Surge o sistema digestivo completo, isto é, possui pelo menos três órgãos; boca, que permite a ingestão, intestino, que permite a digestão e a absorção, e ânus, que permite a egestão, possuindo deste modo duas aberturas. Surge assim a sequenciação e a simultaneidade das fases digestivas, pois a partir deste momento existe apenas uma direcção de funcionamento. O animai pode simultaneamente estar a ingerir alimentos, a digeri-los, a absorvê-los e até a eliminá-los, já que estes seguem apenas uma direcção. A digestão pode ocorrer em mais do que um órgão (estômago e intestino), o que aumenta a sua rapidez, logo a quantidade de nutrientes absorvidos.
  • A absorção também é mais eficiente, pois realiza-se ao longo de uma maior superfície.
  • Aumento da área interna no intestino. O tiflosole nos Anelídeos e as vilosidades intestinais nos Mamíferos aumentaram a área interna do intestino delgado, logo a sua taxa de absorção, e, por isso, o seu metabolismo.
  • Aumenta o número e a diversidade de glândulas digestivas, elevando a quantidade e a variedade das enzimas digestivas.
  • A quantidade e variabilidade enzimática aumenta, o que permite uma digestão mais eficaz e um melhor aproveitamento dos nutrientes.
  • Surgem órgãos ou estruturas cada vez mais adaptados ao tipo de alimento. As Aves possuem bico e não possuem dentes, pelo que, as granívoras, vão possuir papo e moela, com a finalidade de amolecerem os grãos que comem e de os digerir.



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A membrana plasmática é seletivamente permeável

As membranas de hoje são constituídas por bicamadas lipídicas, formadas por ácidos gordos de cadeia longa. Parece complicado, mas não é. Um ácido gordo é uma molécula linear com duas extremidades quimicamente diferentes. Uma extremidade é «hidrofóbica», isto é, não se mistura com a água, tal como o óleo ou as gorduras. A outra extremidade — a extremidade ácida — é hidrofílica, ou seja, mistura-se prontamente com a água. As bicamadas lipídicas formam-se espontaneamente, sempre que há moléculas de ácidos gordos agitados em água.
Imagem - Desafios 10º - ASA

As extremidades hidrofóbicas, para evitarem o contacto com a água, juntam-se no interior da bicamada. As extremidades hidrofílicas formam as superfícies externas da bicamada, estando em contacto com a água. Além das bicamadas, formam-se também espontaneamente vesículas, uma vez que, se existirem superfícies planas, as extremidades hidrofóbicas continuam expostas à água nas franjas da bicamada.
Há apenas uma esfera em que todo e qualquer contacto entre moléculas hidrofóbicas e água é evitado.

Nas membranas dos organismos de hoje, encontramos proteínas complexas, que permitem que as moléculas entrem e saiam. Estas proteínas são essencialmente de dois tipos: proteínas com poros pequenos, por onde passam moléculas pequenas, e as chamadas «permeases», proteínas que bombeiam activamente moléculas específicas através da membrana, consumindo energia para efectuar este transporte contra um gradiente de concentração.
Evidentemente, tais proteínas não podem ser primitivas. Na ausência de proteínas, entrariam nas vesículas apenas alguns tipos de moléculas inorgânicas — dióxido de carbono e sulfureto de hidrogénio, por exemplo. Para muitas moléculas essenciais seria impossível entrar — nomeadamente para as moléculas com carga eléctrica ou iões, como o ião fosfato.
Porque é que as membranas haviam de permitir a passagem de moléculas pequenas em primeiro lugar? Afinal, a razão de ser das primeiras membranas não era exactamente evitar a entrada ou a fuga de replicadores? De facto, assim era, mas é necessário que estas mesmas membranas tenham deixado passar algumas moléculas pequenas. Para explicar este fenómeno, temos de descrever a fonte de energia para estas células primitivas. As células são motores químicos, e qualquer motor precisa de energia para funcionar.
Hoje as cé lulas obtêm a sua energia de uma das três formas seguintes:
1. Fotossíntese. As cianobactérias procariotas (algas azuis-verdes) e as algas eucariotas e plantas superiores obtêm a sua energia directamente da luz do Sol. Estes organismos são capazes de capturar a energia da luz solar e de utilizá-la para a formação de compostos orgânicos ricos em energia, entre os quais os açúcares. Estes compostos são em  seguida utilizados como combustível no metabolismo da célula.
2. Heterotrofismo. Os animais e os fungos, e células não fotossintéticas em geral, alimentam-se de compostos ricos em energia. Em última análise, a fonte destes compostos continua a ser a fotossíntese: os animais comem as plantas, ou comem animais que se alimentaram de plantas. Os fungos e muitas bactérias sobrevivem sobre animais e plantas em decomposição (a palavra «hetero» indica que um organismo depende de outro para a sua fonte de energia).
3. Autotrofismo. Algumas bactérias sintetizam o seu material orgânico a partir de compostos com apenas um átomo de carbono, como o dióxido de carbono, por exemplo. A energia necessária a esta síntese é obtida ou da luz solar (fotossíntese) ou de fontes inorgânicas. Por exemplo, ob-tém-se energia por oxidação do sulfureto de hidrogénio, existente nas fontes hidrotermais submarinas e em fluxos vulcânicos. Hoje em dia, os ecossistemas das fendas oceânicas dependem em larga medida desta reacção com a sua fonte principal de energia, e não da fotossíntese.

Fonte: As Origens da Vida - John Smith e  Eörs Szarthmáry. Gradiva


RESUMO - ESQUEMA CONCEPTUAL (LINK)

Membrana Plasmática

As membranas biológicas são constituídas por bicamadas finas (6-9 nm de espessura) de lípidos onde se intercalam proteínas.
Os fosfolípidos são as moléculas lipídicas mais numerosas da membrana, as quais se organizam, devido à sua natureza antipática, em duas camadas que impedem a passagem de água. Para além de incluir quatro tipos de fosfolípidos (fosfatidilcolina, esfingomielina, fosfatidilserina e fosfatidiletanolamina), os lípidos da membrana compreendem também moléculas de colesterol e glicolípidos.
Embora cor­respondam, habitualmente, a menos de 5% do total das moléculas das membranas, as proteínas são responsáveis pela maioria das suas funções biológicas.
Consoante a sua topografia na membrana, as proteínas podem ser integrais, quando atravessam o plano hidrofóbico da bicamada, ou periféricas, quando se encontram associadas a apenas um dos folhetos da bicamada.
Todos os componentes membranares estão sujeitos a movimentos de rotação e lateralidade no plano da membrana, formando um "mosaico fluido", podendo ainda as moléculas de colesterol e, mais raramente, os fosfolípidos saltarem entre os dois folhetos da bicamada (movimento de flip-flop).
Nas células eucarióticas, as membranas separam, topograficamente, vários compartimentos intracelulares de grande plasticidade, a qual se traduz, nomeadamente, pela formação e fusão de vesículas. Devido a interacções intramembranares ou com o citoesqueleto, as proteínas podem formar domínios na membrana, nos quais estas moléculas se encontram em maior concentração ou se constituem em arranjos geométricos peculiares.

Fonte: Biologia Celular e Molecular - Carlos Azevedo. LIDEL

Célula Procariótica - Bactérias

De um modo geral, as bactérias desen­volvem-se em ambientes hipotónicos (meios de cultura, organismos infectados, águas de rios, lagos, etc.) que causariam a lise das células, se não fosse a presença de uma parede celular, mecanicamente resistente, que rodeia e protege o protoplasto.
Para além de constituir o prin­cipal suporte mecânico da célula e de lhe conferir estabilidade, a parede celular actua como uma barreira física perante uma varie­dade de agentes potencialmente nocivos e é responsável pelas diferentes formas encon­tradas nas bactérias (esférica, em bastonete, em espiral e outras). Bactérias do género Thermoplasma, Mycoplasma, fitoplasmas e formas L não possuem parede celular.
A parede celular das bactérias, até certo ponto equivalente à parede das células ve­getais, possui componentes que são únicos e exclusivos da célula procariótica. Pode apre­sentar aspectos diferentes relativamente à sua ultrastrutura e composição química, admitindo-se essas diferenças como responsáveis pelo seu comportamento face à coloração de Gram.
Esta técnica, usada há mais de um século pelos microbiologistas, permite distinguir os dois principais grupos bacterianos em microscopia óptica. De acordo com a coloração apresentada face ao método de Gram (método de coloração diferencial) as bactérias dividem-se em bac­térias de Gram-positivo e de Gram-negativo.

Fonte : Biologia Celular e Molecular - Carlos Azevedo. LIDEL

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Constituintes básicos dos seres vivos

A água é o suporte físico da vida e as suas propriedades físico-químicas condicionam os processos biológicos celulares. A água líquida cobre 3/4 da superfície terrestre e proporciona um meio reacional nem demasiado fugaz (como o estado gasoso), nem demasiado imóvel (como o estado sólido). É o suporte em que, com mais probabilidade, a química natural pode evoluir até à formação de sistemas tão complexos como os seres vivos.

As proteínas são as macromoléculas mais abundantes da Natureza, sendo essenciais para a vasta maioria dos processos bioquímicos subjacentes à vida. Existem vários milhões de proteínas nos sistemas biológicos, que apresentam formas, dimensões e funções diferentes. As unidades base de todas as proteínas são vinte aminoácidos, os quais se encontram unidos por ligações peptídicas para formarem cadeias mais ou menos longas às quais se dá o nome de cadeias polipétídicas.

Os glúcidos (glícidos), são vulgaremente designados por "açúcares" ou hidratos de carbono. São em geral sólidos brancos, doces e solúveis na água. Os mais simples são moléculas com apenas três átomos de carbono enquanto que os mais complexos se formam por polimerização de glúcidos mais pequenos, constituindo por vezes macromoléculas.
As funções principais dos glúcidos encontram-se relacionadas com a obtenção e a reserva de energia em quase todos os seres vivos, mas também servem de suporte estrutural em plantas, animais e alguns microrganismos. Existem moléculas derivadas de glúcidos que são importantes para a química biológica de muitos seres vivos.


Ao contrário do que acontece nos outros três grupos principais de moléculas biológicas (glúcidos, prótidos e ácidos nucleicos), não existe um padrão estrutural na globalidade das moléculas biológicas que se classificam como lípidos. O fator comum às moléculas normalmente reconhecidas como lípidos é a sua insolubilidade em água, devida ao predomínio das regiões apolares, sobretudo alifáticas, na sua estrutura molecular.
Os lípidos ocupam um lugar de destaque no metabolismo energético e sintético da célula, nomeadamente através dos ácidos gordos e dos tepenos. Outras classes de lípidos têm também atividade fisiológica determinante, como as hormonas esteróides. Por outro lado, as fronteiras que definem as células e os seus compartimentos interiores, as membranas celulares, são constituídas basicamente a partir dos lípidos complexos e muita da vida da célula é condicionada pela sua natureza.

Fonte : Bioquímica - Organização molecular da vida. LIDEL