quinta-feira, 23 de setembro de 2010

As rochas não se criam a partir do nada

Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, arrazoado que, ainda meninos, aprendemos e recitámos de cor, é a expressão filosófica da conhecida lei da conservação de massa, formulada pelo grande químico francês Lavoisier (1743-94).

Este mesmo princípio, regulador das reacções químicas, aplica-se também, como não podia deixar de ser, às rochas. Com efeito, as rochas não se criam a partir do nada. São sempre o produto de uma transformação a partir de outros materiais, que tanto podem ser outras rochas preexistentes, como detritos minerais (sedimentos), ou substâncias químicas dissolvidas nas águas como, ainda, restos esqueléticos (conchas, carapaças, etc.) de seres vivos.

As primeiras rochas formadas na crosta primitiva nasceram da transformação, por solidificação, da parte externa de um oceano de magma à escala global.

Estas primeiras rochas são classificadas de magmáticas e o magma Primordial que lhes deu origem foi, por seu turno, o resultado da diferenciação do planeta por transformação dos materiais condensados a partir do que restou da nébula solar.

As rochas geradas num dado ambiente são aí estáveis e reflectem as carac-terísticas físicas (temperatura e pressão) e químicas desse mesmo ambiente, quer através das suas composições mineralógicas, quer através das suas texturas, expressas pelo tamanho, forma e disposição ou arranjo dos respectivos minerais.
Quando mudam de ambiente (ou porque se deslocam de um ambiente para outro, ou porque houve modificações ambientais no local onde se encontram), as rochas ficam instáveis e tendem a adaptar-se aos novos parâmetros, transformando-se. Muitos dos minerais das rochas geradas a grande profundidade, onde a pressão e a temperatura são elevadas, alteram-se quando ascendem à superfície, dando origem a produtos que irão participar na formação de rochas sedimentares.
Neste processo, os sedimentos acumulados e ainda incoesos podem sofrer acções que passam por expulsão da água inters¬ticial, compactação, cimentação e, quase sempre, recristalização dos seus minerais, num conjunto de outros processos conhecido por diagénese, litificação ou petrificação, expressões que querem dizer transformação do sedimento em pedra.

Se as rochas sedimentares forem levadas a afundar-se na crosta, vão ficar submetidas a pressões e temperaturas crescentes com a profundidade, transformando-se mais ou menos intensamente, originando rochas que classificamos de metamórficas.

Podem, inclusivamente, dar origem a rochas magmáticas, e isso acontece sempre que as condições de temperatura, pressão e quantidade de água presente atinjam valores que as levem à fusão, gerando magmas secundários, assim designados para os distinguir dos magmas primários, isto é, os que têm origem no manto, como são os que geram os basaltos das dorsais oceânicas.

Os processos geradores, ou transformadores, das rochas sucedem-se ciclicamente, segundo uma sequência que, por vezes, se fecha e se repete, que alguns autores referem por ciclo geoquímico da litosfera. Poderíamos dizer, em linguagem figurada mas expressiva que, ao transformarem-se umas nas outras, as rochas nascem, vivem e morrem, como aliás, tudo na Natureza.

O nosso planeta é, pois, uma máquina complexa de reciclagem de rochas, que se alimenta de umas para dar origem a outras, tendo por fonte de energia o muito calor interno que ainda conserva. Esta reciclagem explica, entre outras particularidades da crosta, a relativa escassez de rochas muito antigas, do Arcaico.

Informação complementar
Imagine-se um rifte, numa dorsal oceânica, a gerar diques de gabro, em profundidade, e escoadas basálticas à superfície, a partir de um magma oriundo do manto. Estas rochas, que acompanham a expansão da placa oceânica, sobre a qual se vão acumulando sedimentos pelágicos, acabarão por regressar ao manto, mergulhando numa zona de subducção associada a uma fossa abissal, por exemplo, na margem de um continente. Nesta margem e nesta fossa acumulam-se grandes quantidades de sedimentos terrígenos, resultantes da erosão desse continente que, como tal, é predominantemente formado por rochas de composição granítica. O mergulho da placa em profundidade pro-porciona um conjunto de transformações das rochas da crosta oceânica (basaltos, gabros) e dos sedimentos com ela arrastados.

Tais transformações são compatíveis com os valores crescentes da pressão e da temperatura, que culminam com a sua reabsorção, por fusão, na astenosfera. Estes materiais começam por ser transformados em rochas metamórficas, podendo, no todo em parte, acabar por ser fundidos, originando magmas que, por arrefecimento, geram novas rochas magmáticas em profundidade mas que podem ascender à superfície. Os materiais fundidos, os da crosta e os dos sedimentos podem permanecer isolados ou misturar-se em todas as proporções, gerando variados tipos de magma e, consequentemente, variados tipos de rochas magmáticas quer plutónicas, quer vulcânicas. Durante a fase orogénica associada uma margem deste tipo, os materiais transformados tendem a elevar-se gerando uma cadeia montanhosa, relevo que a erosão acabará por arrasar pondo a descoberto rochas vindas da profundidade que, assim, se alteram desagregam, transformando-se em sedimentos e em rochas sedimentares num ciclo que se repete à escala do tempo geológico.

Texto extraído de : Como Uma Bola Colorida. A. Galopim de Carvalho

A Terra como Sistema Fechado

A Terra estabelece trocas energéticas com o Universo. Recebe energia emanada do Sol, que é utilizada em vários processos biológi­cos e geológicos, e perde energia para o Espaço sob a forma de calor.

Na Terra existem duas fontes principais de energia: uma fonte de energia externa e uma fonte de energia interna. A energia externa que mais directamente influencia a Terra é a energia que irradia do Sol. A energia solar activa o movimento atmosférico, impulsiona o ciclo da água, proporciona o calor necessário às reacções químicas que afectam as rochas superficiais, mantém uma temperatura consentânea com a manutenção da vida e é utilizada pelos seres vivos fotossintéticos.

Em antagonismo com a energia vinda do exterior, a Terra possui energia térmica de origem interna, nomeadamente resultante da desintegração de elementos radioactivos que fazem parte da sua cons­tituição ou do calor remanescente da própria origem da Terra. Esse calor vai-se libertando continuamente através da superfície terrestre. O intercâmbio de matéria da Terra com o exterior é, na actuali­dade, diminuto e insignificante quando comparado com as dimensões do nosso planeta. Pequenas quantidades de hidrogénio e de hélio sobem na atmosfera devido à sua pequena densidade e escapam para o Espaço, enquanto que alguma matéria proveniente da queda de meteoritos ou de poeiras cósmicas se junta à matéria terrestre. No entanto, em termos globais, na actualidade esse intercâmbio é despre­zível, não afectando a massa terrestre, que se mantém relativamente estável há cerca de 4000 M.a.
Fonte : Manual da Porto Editora - 11º ano

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Geologia, os geólogos e os seus métodos


As cartas geológicas podem ser incluidas em diferentes unidades didácticas dos programas do ensino básico e secundário. Sempre que se fale, por exemplo, de aspectos composicionais e estruturais, mineiros e hidrogeológicos, existe cartografia de carácter mais fundamental ou temática sobre este assuntos. Naturalmente possuir esta documentação exige um esforço dos departamentos para a sua aquisição, mas o facto de possuirem este acervo, constituirá um factor dinamizador e motivador no processo ensino-aprendizagem.
O facto de os alunos poderem fazer a descoberta dos conceitos a partir da exploração das cartas geológicas, dada a necessidade de lerem e compreenderem a informação disponível na carta, é por si só, um fonte de aprendizagem e motivação adicional. O reconhecimento, com o apoio de uma carta geológica, de afloramentos, tanto na envolvência da escola, como nos locais onde os alunos habitam, pode ser o motor para a melhor compreensão das aulas de geologia e, também, constituirem um suporte para o desenvolvimento de trabalhos de projecto.

30º Curso de Actualização de Professores em Geociências
Material utilizado na aula (link)

Material da aula Prática (Link)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Situação-Problema : Extinções em massa

A maior extinção em massa

A extinção não é apenas negativa.
Na verdade, nenhuma espécie pode durar mais do que alguns milhões de anos, na melhor das hipóteses, antes de ser suplantada por outras espé­cies ou evoluir para outra coisa qualquer. Daí que a extinção aconteça a toda a hora - a este tipo normal de extinção chama-se extinção de fundo. Contudo, registaram-se episódios na história da Terra em que mais extinções do que o normal se verificaram num certo espaço de tempo. A estes períodos chama-se eventos de extinção e estes podem incluir exemplos de como toda a vida de uma determinada ilha pode ser dizimada por uma catástrofe local ou como uma grande alteração climáti­ca ou até a caça pode eliminar certos tipos de organismos, à semelhança da extinção transversal de mamíferos de grande porte que se deu no final das idades do gelo há 11 mil anos.
Os grandes eventos de extinção, as chamadas extinções em massa, são mais fascinantes e perturbadores. São períodos em que muita, ou a maioria, da vida desaparece de uma só vez. É comumente reconhecido que terá havido pelo menos cinco extinções em massa, na sequência seguinte (valores aproxima­dos em milhões de anos): Ordovícico Superior (440), Devónico Superior (370), final do Pérmico (250), final do Triásico (200) e final do Cretácico (65).
Estes são conhecidos como «os grandes cinco» e distinguem-se de todos os outros eventos de extinção por três factores: morreram mais espécies durante cada evento do que em qualquer outra altura, as vítimas foram de uma eco­logia diversa e distribuídas por todo o mundo, e parece ter havi­do uma única grande crise global a servir de rastilho para o evento.
Uma investigação recente levada a cabo por Dick Bambach e a equipa da Universidade de Harvard defende que tal­vez nos devêssemos referir a «os grandes três» - o Ordovícico Superior, o final do Pérmico e o final do Cretácico - porque os outros dois parecem ter sido mais prolongados.
O evento do Ordoví­cico estará relacionado com uma curta e aguda idade do gelo, e assistiu ao fim de muitas classes de trilobites, braquiópodes, corais e outros. O evento do Devónico Superior ter-se-á arrasta­do por vários milhões de anos e provocou mais perdas entre os braquiópodes, amonóides (moluscos aquáticos com forma de espiral), corais e os peixes com couraças pesadas que viviam em águas rasas. Em último lugar, o evento do final do Triásico pareceu ter-se igualmente prolongado por alguns milhões de anos, atingindo com particular violência os braquiópodes e os amonóides, assim como muitos répteis que viviam em terra. A extinção em massa do final do Pérmico é especialmente significativa porque foi, de longe, a mais devastadora das extin­ções em massa de todos os tempos. Estima-se que até 96°/o das espécies tenham morrido e este foi o ponto em que a vida este­ve mais perto de sofrer a aniquilação total. Contudo, a procura de um padrão e das causas do maior evento de extinção de sempre tem sido repleta de dificuldades. E praticamente impos­sível imaginar como terá sido o desaparecimento de 96% das espécies: ou seja, apenas 4% das espécies.- menos do que uma em vinte - sobreviveram
Fonte : Breve História da Vida - Michael  J. Benton. Texto


Trailer do vídeo explorado na aula.


Powerpoint  explorado na aula

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Benvindos(as) ao Blogue de Biologia e Geologia

Neste Espaço é possível consultar alguns dos recursos educativos utilizados nas aulas de biologia e geologia ( ano 1), ou seja de 10º ou 11º ano!

A disciplina de Biologia e Geologia encontra-se inserida no tronco comum da componente de formação específica do Curso Geral de Ciências Naturais. É uma disciplina bienal (10º e 11º anos), considerada estruturante para o respectivo curso, e em que o objectivo principal é expandir conhecimentos e competências relativas às áreas científicas da Biologia e da Geologia.

De acordo com os Princípios Orientadores da Revisão Curricular do Ensino Secundário, a disciplina tem um programa nacional, devendo cada uma das suas áreas científicas, Biologia e Geologia, ser leccionada em cada um dos semestres a definir para cada ano lectivo e com igual extensão, pretendendo-se alcançar uma situação de equilíbrio nas duas áreas científicas. Assim, na nossa escola, no 10º ano o 1º semestre é dedicado à Geologia e o 2º semestre à Biologia.

Uma das vantagens de um blogue é a possibilidade de participar, deixando um comentário, para isso basta preencheres o espaço destinado para tal!

O material que podes consultar encontra-se disponível em formato físico na reprografia da escola e num dossier no centro de recursos (Biblioteca).
Para seguires os posts de forma actualizada, clica em "Seguir", na coluna do lado direito e recebes por mais informação dos posts e materiais que são aqui colocados.

Bom Trabalho!

Prof. Nuno Correia