segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Classificação das erupções vulcânicas

A classificação das erupções vulcânicas revela-se uma tarefa difícil e complexa, uma vez que, frequentemente, estas são caracterizadas pela ocorrência de diferentes tipos de fenómenos, que podem surgir ao mesmo tempo, ou intercalados num curto espaço de tempo, em locais distintos de um dado aparelho vulcânico. Atendendo a esta complexidade, torna-se mais fácil e verosímil caracterizar os vários tipos de actividade que ocorrem durante uma erupção, o que pode ser feito segundo diferentes perspectivas e tendo em conta diversos factores.

Assim:
a) a actividade vulcânica pode ser classificada como efusiva ou explosiva
b) a actividade vulcânica pode envolver, ou não, água exterior ao magma.
c) a actividade vulcânica classifica-se, em função do tipo de conduta emissora
d) a actividade vulcânica diz-se monogenética ou poligenética.
e) a actividade vulcânica denomina-se secundária.
f) de acordo com a classificação de GEORGE WALKER.


a)   a actividade vulcânica pode ser classificada como efusiva ou explosiva. Na actividade efusiva predomina a emissão de escoadas lávicas, enquanto que nas erupções explosivas são emitidos predominantemente materiais piroclásticos e gases a grande velocidade.

b)   a actividade vulcânica pode envolver, ou não, água exterior ao magma. Não envolvendo água exterior ao magma, diz-se subaérea, enquanto que, se há interacção com água, a actividade vulcânica pode ser classificada em:
  • hidrovulcânica (também designada de freatomagmática ou hidromagmática: trata-se de uma actividade explosiva, resultante de uma interacção directa magma/lava-água, quer esta seja água subterrânea ou água superficial, incluindo água do mar, meteórica, hidrotermal ou de um lago;
  • freática: quando se dá a vaporização de água subterrânea existente em formações rochosas (vulcânicas ou não), pelo facto destas terem sido aquecidas por uma fonte de calor (e.g. magma em ascenção/movimento). Assim, nestas erupções explosivas não há contacto directo entre o magma e a água e, do mesmo modo, não há emissão de material magmático: dá-se, apenas, a fragmentação e a projecção das rochas de cobertura/envolventes, em consequência da brusca e violenta vaporização da água;
  • sub-glacial: quando ocorre sob importantes massas de gelo (e.g. vales ou calotes glaciares). Frequentes na Islândia, estas erupções são responsáveis pela formação de jokulhlaups, ou seja, “torrentes de água glaciar”, de caudal importante e de significativo poder destrutivo.

c) a actividade vulcânica classifica-se, em função do tipo de conduta emissora, em centrada ou fissural. A actividade centrada dá-se a partir de condutas genericamente tubulares, gerando edifícios vulcânicos cónicos de maiores ou menores dimensões, enquanto que na actividade fissural a lava é emitida a partir de fissuras eruptivas mais ou menos extensas.
d) a actividade vulcânica diz-se monogenética, se cessa após um único episódio eruptivo, em geral de curta duração (alguns meses a anos). Pelo contrário, designa-se por poligenética, quando uma sucessão de diferentes episódios vulcânicos centrados e/ou fissurais, durante um período de tempo de alguns milhares a dezenas de milhar de anos, origina um edifício vulcânico de grandes dimensões.
e) a actividade vulcânica denomina-se secundária (também chamada de adventícia, satélite ou parasita), quando o centro emissor (vent) se localiza nos flancos de um edifício vulcânico principal. A actividade secundária, em função do posicionamento dos centros emissores no vulcão principal, pode ser:
  •   terminal ou sub-terminal, consoante haja extrusão a partir de centros emissores localizados no topo do cone, ou muito próximo deste, respectivamente (incluindo no interior duma cratera terminal);
  • lateral, se a extrusão se dá nos flancos do cone alimentada por intrusões magmáticas (e.g. sistema filoniano), frequentemente dispostas ao longo de um conjunto de fracturas radiais ao edifício vulcânico;
  • excêntrica, tal como no caso anterior, mas em que a ascensão magmática se processa ao longo de fissuras não directamente interligadas à conduta de alimentação central do vulcão. Neste caso, a presença de fracturas controladas pela tectónia local/regional favorecem essa extrusão excêntrica da lava;
  • intra-caldeira , quando o centro emissor está implantado no interior de uma depressão vulcânica de grandes dimensões (e.g. caldeira).

f) de acordo com a classificação de GEORGE WALKER, a actividade vulcânica pode ser: havaiana, estromboliana, vulcaniana, sub-pliniana, pliniana, ultrapliniana, surtseiana e freatopliniana. Esta classificação, proposta inicialmente em 1973, identifica e caracteriza (qualitativa e quantitativamente) diferentes estilos eruptivos, retomando algumas das designações clássicas propostas em 1908 por A. LACROIX para as erupções vulcânicas (cf. “havaianas, estrombolianas, vulcanianas e peleanas”)

FONTE : Associação Portuguesa de Geólogos Geonovas, nº 16, pp. 5 a 22, 2002