sábado, 6 de novembro de 2010

A conquista da Lua

Eugene Cernan foi um dos 14 astronautas seleccionados pela NASA em 1963. Cumpriu três missões no espaço, a última das quais como comandante da Apollo 17, em Dezembro de 1972, a última viagem tripulada dos EUA.
National Geographic : Por vezes, escutam-se teorias da conspiração lunar, que defendem que as imagens do homem na Lua foram realizadas num estúdio na Terra. Como analisa essas manifestações de ignorância da ciência básica?
E.C. - Nós fomos à Lua, e iremos regressar para tirar uma fotografia onde eu vivi e pousei. Não sei onde é que essa gente pensa que fui! Sinto pena deles porque perderam uma grande aventura humana. Diga o que se disser, essas pessoas serão sempre defensoras da conspiração, acreditarão sempre no que querem acreditar.
National Geographic – Agosto 2009

Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar a Lua, tirou esta fotografia lendária do seu companheiro  Edwin "Buzz" Aldrin, em Julho de 1969. Os astronautas não conseguiram esticar por completo a haste horizontal, pelo que a bandeira parece ondular ao sabor de uma brisa sem aragem.


Todos os anos surge esta questão nas aulas quando mostro imagens do primeiro homem na Lua.
Tudo é uma montagem! Eu vi na televisão! É um comentário recorrente nos alunos que vou encontrando. Acaba por ser um desafio interessante, onde tenho que explicar que a ida do Homem à Lua não foi um acontecimento único. Foram várias as missões do Homem à Lua e de lá vieram grandes quantidades de material selenita.

Vamos aos argumentos da “não ida do Homem à Lua”.

Ao contrário da Terra, a Lua não tem atmosfera para reflectir a luz do Sol. Logo, a única fonte de luz na Lua é mesmo o Sol. Sendo assim, por que razão as sombras que se vêem nas fotografias têm várias direcções (quando deveriam estar paralelas) e vários tamanhos? Além disso, nas fotografias tiradas em contraluz, por que razão as imagens dos astronautas são tão nítidas? Não deveriam aparecer apenas silhuetas, uma vez que não foi usado o flash?
EXPLICAÇÃO: O terreno lunar não é plano, mas repleto de montes e crateras. Ainda que estando à mesma distância da objectiva, basta um dos astronautas situar-se num ponto mais elevado para que o tamanho da sua sombra aumente. Isso explica também as diferentes direcções das sombras: «Duas sombras vistas numa foto ou em qualquer representação plana, de facto não serão paralelas se estiverem sobre duas superfícies não paralelas», explica o brasileiro Widson Porto Reis, mestre em Ciências dos Materiais e membro do Projecto Ockham, que se dedica a desmascarar mitos e lendas. Outro aspecto a ter em conta é o solo lunar, formado por silicatos brilhantes que reflectem a luz do Sol, funcionando como fonte de luz indirecta. «O efeito é o mesmo quando a luz do Sol incide sobre a areia branca da praia ou uma superfície coberta de neve (quanto mais branco é o solo, mais luz é reflectida), explica.

De novo: a Lua não tem atmosfera, não tem ar, não tem brisa ou vento. Então porque vemos a bandeira americana a agitar-se?
EXPLICAÇÃO: Em 2OO8, os Caçadores de Mitos (programa de Ciência do Discovery Channel) fizeram o teste: numa sala à qual foi retirada o ar, cheia apenas de vácuo, a simples manipulação da haste da bandeira faz com que ela se agite como se estivesse ao vento. Como se vê nas imagens feitas na Lua, a bandeira move-se enquanto os astronautas mexem na haste, para a fixar no solo.
Sem humidade, como é possível deixar uma pegada tão nítida no solo poeirento da Lua?
EXPLICAÇÃO: No seu programa do Discovery Channel, os Caçadores de Mitos mostram que, mesmo no vácuo, é possível deixar uma pegada. O Projecto Ockham explica que as partículas dos silicatos que formam o solo lunar combinam-se entre si quando sob o impacto de uma bota, por exemplo, sendo possível deixar a marca de uma pegada.


Onde estão as estrelas nas fotografias e no filme da ida do Homem à Lua? Não deveria o céu estar nitidamente estrelado, como se estivéssemos no campo, uma vez que não há outra fonte de luz que não a solar? Ou foram as estrelas apagadas das imagens para que não se pudesse identificar o verdadeiro local onde estas foram tiradas?
EXPLICAÇÃO: Para fotografar objectos que emitem pouca luz, é necessário um certo tempo de exposição. O site do Projecto Ockham dá um exemplo: «Em 1967, a sonda não-tripulada Surveyor, enviada à Lua para investigar se o local escolhido para o poiso era apropriado, tirou diversas fotos do céu estrelado para orientação futura, mas para isso precisou de utilizar um tempo de exposição de quase três minutos. Este tempo foi simplesmente 45 mil vezes maior do que o tempo de exposição (0,OO4 s) das fotos tiradas pelos astronautas»
À volta da Terra existem as faixas de Van Allen, um campo de radiações formado por partículas solares letais para qualquer ser humano que as atravesse. A nave e os fatos dos homens que foram à Lua não teriam capacidade para os proteger contra essas radiações. Como regressaram com vida ou sem qualquer sinal de doença?
EXPLICAÇÃO: Naturalmente, a radiação é letal se o tempo de exposição for prolongado. Como explica o relatório biomédico da NASA, a rapidez com que as faixas de Van Allen foram atravessadas evitou danos maiores à saúde dos astronautas.

A agência  (NASA) nunca soube bem como lidar com as teorias da conspiração. Por um lado, a tentação era desmontá-las; mas por outro, ao fazê-lo, estaria a dar-lhes importânciaEsse trabalho foi sendo feito pelos cientistas. O ano passado, o popular programa de Ciência do Disco­very Channel Myth busters (Caçadores de Mitos) dedicou-se a refutar os principais argumentos dos negacionistas. Testaram o içar da bandeira numa sala sem atmos­fera, apenas com vácuo, e mostraram que ela abana, de facto, mes­mo não havendo vento - movimenta-se porque os astronautas a estão a manipular, tentando fixá-la ao solo. E prova­ram também que é pos­sível deixar uma pegada no solo poeirento e sem humidade. Mais complicado será discutir com ou­tras imaginações - como as que dizem que o Homem foi à Lua, sim, mas com tecno­logia roubada a uma nave extraterrestre; ou que os astronautas chegaram lá com a ajuda de ONNIs e encontraram selenitas, habitantes da Lua, que vivem debaixo do solo, uma vez que a Lua é oca... Bem dizia o avô da sra. Custódia, a mulher do dono do café entrevistada no Diário Popular, que ti­nha visto um homem a caminhar na Lua quan­do esta estava cheia, e levava molhos de lenha às costas. Mas os sele­nitas, diz a Associação de Pesquisa OVNI, proibiram-nos de lá voltar. E por isso nunca mais fomos.

Fonte : Visão História - Julho 2009 / National Geographic - Agosto 2009

Há quem continue a não acreditar... Man on the Moon!

2 comentários:

  1. Uma explicação muito esclarecedora das dúvidas, que muitas são levantadas pelos alunos, e não só!
    Obrigada
    Fátima Neves

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